BioGeogilde Weblog

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Quando uma decisão-relâmpago é a melhor opção… e pensar não adianta 28 de Março de 2013

Thinking-ManNós, humanos, acreditamos que o facto de ter tempo para pensar permite tomar decisões mais certas. E se isso fosse apenas um preconceito e o cérebro se baseasse muito mais na nossa intuição do que imaginamos?

“Quando vou ao restaurante, demoro imenso a escolher o que vou comer. Não consigo fazer de outra maneira, mas não tenho a certeza de que essa deliberação me permita desfrutar mais da refeição do que se tivesse escolhido outro prato.” Foi com este exemplo da sua vida quotidiana que Zach Mainen, director do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, em Lisboa, explicou esta quinta-feira ao PÚBLICO os resultados do trabalho que publicou online a revista Neuron.

 O estudo foi liderado por este neurocientista norte-americano no Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, antes de ele ter vindo viver para Portugal. Entretanto, já foram obtidos mais resultados cá e outros artigos foram ou deverão ser submetidos para publicação. Mas aquele foi o ponto de partida.

“Muitas vezes, se demorarmos mais tempo, conseguimos melhorar o nosso desempenho”, explica Mainen. Mas há limites: mesmo num exame escolar, após várias horas, isso já não é possível. E, muitas vezes, a melhor decisão pode também consistir em optar sem pensar, intuitivamente. É essa diferença que os cientistas querem elucidar: “Estamos interessados em saber por que algumas decisões parecem beneficiar da atribuição de tempo e outras não; por que é que algumas decisões exigem mais tempo e outras menos. É algo que tem sido pouco estudado.” (more…)

 

Sentir borboletas na barriga 12 de Fevereiro de 2009

borboletasnabarriga1Como se explicam algumas sensações que descrevem os apaixonados

PEDRO ANTUNES PEREIRA

A primeira vez que o Mário conheceu Diana ficou irreconhecível. Suou, sentiu um friozinho no estômago, borboletas na barriga, e ainda por cima, os batimentos cardíacos aceleraram.

O Mário que não se assuste porque são reacções naturais do sistema nervoso, ainda que involuntárias. O que ele não deve saber é que no aparelho digestivo se alojam muitas celúlas nervosas.

O professor da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, João Bessa, associa estas reacções à noção de paixão: “É um sentimento mais ligado a emoções básicas, enquanto o amor é um conceito mais vasto que engloba a formação de laços afectivos “.

A manifestação de emoções exteriores, como as referidas em cima, está associada à actuação do sistema nervoso autónomo.

“É a sua dimensão emocional, involuntária e não controlada que gera alterações físicas como o aumento do ritmo cardíaco, ou da tensão arterial; a pele fria e suada”.

Junte-se a dimensão cognitiva e podemos ter uma explicação: “Quando nos apaixonamos, o pensamento gira à volta do objecto do nosso interesse. No entanto, quando este tipo de pensamento se torna patológico, entramos no domínio das obsessões”.

João Bessa explica ainda que “a reactividade emocional varia de pessoa para pessoa e tem a ver com múltiplas características: a personalidade, o desenvolvimento pessoal e físico, o enquadramento familiar, social e laboral”.

A verdade é que as emoções são importantes “mecanismos de adaptação e mesmo de sobrevivência”, havendo uma função biológica “associada a esta necessidade de ligação aos outros”.

O professor universitário descansa os leitores: “Não há nenhum mecanismo para controlar estas emoções, que são involuntárias.

Não podemos fazer nada contra isso”. João Bessa acrescenta ainda que “há pessoas com maior sensibilidade para as alterações corporais induzidas pelas emoções do que outras que têm menor capacidade para interpretar as suas emoções”.

Um friozinhono estômago como reacção nervosa

A sensação é no mínimo estranha. Parece que o nosso estômago está “possuído” por borboletas, segundo uns. Ou é atravessado por um “friozinho”. Há uma explicação física do organismo para explicar esse estado.

Resulta da “activação do componente simpático do sistema nervoso autónomo no sistema digestivo que provoca estas sensações, ao qual se contrapõe o sistema parassimpático que tem acções contrárias”, explica ainda João Bessa.

Sabia que… Humor empurra paixão

Se está sempre bem-disposto fique a saber que a sua capacidade para se apaixonar pode ser maior do que aqueles leitores com uma disposição mais depressiva.

“Uma tonalidade do humor mais depressiva ou mais eufórica pode ser importante na criação de um relacionamento”, diz o professor universitário João Bessa. Por isso, às vezes, as primeiras impressões podem não ser as mais verdadeiras.

A caminho de uma explicação biológica está a noção de mono e de poligamia. “Estudos neurobiológicos recentes têm implicado a expressão de duas hormonas em diferentes regiões cerebrais na formação de relações afectivas estáveis e duradouras.”

Sabia que… Um arrepio na pele

“Dás-me um arrepio na pele” é uma das mais famosas frases de um das mais conhecidas canções de Marco Paulo. “Taras e Manias”, o tema em acusa, à parte, esta reacção volta a ter o sistema nervoso autónomo como responsável.

Mas quem está à espera de controlar ou treinar este tipo de emoções tire o cavalinho da chuva, explica o professor de Ciências da Saúde.

“Em princípio, não podemos treinar o sistema nervoso autónomo, mas há pessoas, por exemplo, que conseguem enganar os polígrafos. Mas isto exige um treino especializado porque é muito difícil enganar o sistema nervoso autónomo”.

                                                                                                                                         In Jornal de Notícias a 11/02/09