BioGeogilde Weblog

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Quando uma decisão-relâmpago é a melhor opção… e pensar não adianta 28 de Março de 2013

Thinking-ManNós, humanos, acreditamos que o facto de ter tempo para pensar permite tomar decisões mais certas. E se isso fosse apenas um preconceito e o cérebro se baseasse muito mais na nossa intuição do que imaginamos?

“Quando vou ao restaurante, demoro imenso a escolher o que vou comer. Não consigo fazer de outra maneira, mas não tenho a certeza de que essa deliberação me permita desfrutar mais da refeição do que se tivesse escolhido outro prato.” Foi com este exemplo da sua vida quotidiana que Zach Mainen, director do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, em Lisboa, explicou esta quinta-feira ao PÚBLICO os resultados do trabalho que publicou online a revista Neuron.

 O estudo foi liderado por este neurocientista norte-americano no Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, antes de ele ter vindo viver para Portugal. Entretanto, já foram obtidos mais resultados cá e outros artigos foram ou deverão ser submetidos para publicação. Mas aquele foi o ponto de partida.

“Muitas vezes, se demorarmos mais tempo, conseguimos melhorar o nosso desempenho”, explica Mainen. Mas há limites: mesmo num exame escolar, após várias horas, isso já não é possível. E, muitas vezes, a melhor decisão pode também consistir em optar sem pensar, intuitivamente. É essa diferença que os cientistas querem elucidar: “Estamos interessados em saber por que algumas decisões parecem beneficiar da atribuição de tempo e outras não; por que é que algumas decisões exigem mais tempo e outras menos. É algo que tem sido pouco estudado.” (more…)

 

Stress Crónico: O cérebro responde e procura a rotina 31 de Julho de 2009

StressArtigo publicado hoje na Science

A exposição a stress crónico expande umas regiões do cérebro e atrofia outras, mostra o estudo .

Oito neurocientistas portugueses estudaram as alterações nos circuitos do cérebro em situações de stress crónico. No grupo de ratos analisados, a experiência fez encolher e expandir zonas cerebrais e levou a que activassem o “botão da rotina”. Está tudo na Science
 Vamos colocá-lo a viver no segundo andar de um prédio. Pode ser? Pronto. Agora, imagine a sua rotina diária. Todos os dias, entra no elevador e carrega no botão 2 para chegar a casa. Porém, se mudar de edifício – suponha que está a visitar alguém -, vai escolher outro piso, adaptando-se a esta nova realidade. O problema é que, segundo o estudo agora publicado na revista Science por investigadores portugueses, quando está sujeito a uma situação de stress crónico o mais provável é que continue a carregar no botão 2, em qualquer elevador, de qualquer prédio. O seu cérebro mudou e agora responde com as acções de rotina.

“O que se percebeu é que, durante a exposição crónica a stress (ou seja, durante algum tempo), há mudanças estruturais no nosso cérebro”, resume Rui Costa, um dos autores do artigo publicado hoje na Science e coordenador do departamento de Neurobiologia da Acção da Fundação Champalimaud.

A equipa de neurocientistas estudou três regiões cerebrais que nunca antes tinham sido exploradas nesta associação entre o stress crónico e o processo de tomada de decisão. Procuraram os efeitos no estriado medial e no córtex pré-frontal (associados a comportamentos intencionais) e no estriado lateral (relacionado com os hábitos e comportamentos de rotina). E, segundo explica Rui Costa, nos nossos neurónios que parecem árvores cheias de ramos o stress crónico decepou galhos nas duas regiões ligadas aos comportamentos intencionais e fez nascer novos ramos no campo cerebral da rotina. Na luta de equilíbrios, a rotina parece sair vencedora. E, assim, carregamos no segundo andar de um qualquer elevador. (more…)